Oferta do espanhol ainda é reduzida na educação básica

Em 2005, foi promulgada a Lei Federal nº 11.161 que tornava obrigatório as escolas oferecerem ensino da língua espanhola para os alunos do ensino médio, ficando a cargo destes escolher se queriam ou não aprender o idioma. As escolas tinham até o ano passado para se readequar a lei, mas o que se observa no Paraná é que apenas 20% das instituições públicas têm a disciplina presente na matriz curricular, acompanhando as demais matérias básicas.

Para  a vice-diretora do Setor de Educação da UFPR, Deise Picanço, um dos principais obstáculos encontrados para o cumprimento da lei é que ela não estabelece uma política educativa linguística para a implementação do espanhol na educação básica, ou seja, não aponta de que modo e com que recursos essa inserção deve ser feita. “A lei obriga que todas as escolas ofereçam a língua espanhola sem uma política definida para garantir a oferta”, critica.

Sem um parâmetro para seguir, as escolas acabam optando pela disponibilização das aulas de espanhol no contra-turno por meio do CELEM (Centro de Estudos de Línguas Modernas). No entanto, Deise comenta que existe uma grande dificuldade dos alunos para acompanhar estas aulas extracurriculares. “Muitos estudantes do ensino médio já trabalham e não conseguem assistir às aulas fora do horário da escola”.

Priscila Moreira, técnica pedagógica de língua espanhola da Secretaria de Educação do Estado do Paraná (SEED), explica que a escolha de vincular o espanhol (ou outra língua estrangeira) na grade escolar ou no CELEM deveria ser feita junto à comunidade. Mas além da preferência dos frequentadores, as questões referentes à infraestrutura disponível também são outras restrições que influenciam nesta decisão, principalmente com relação ao número de docentes concursados, ainda insuficiente.

A falta de professores de espanhol concursados implica a contratação por Processo Seletivo Simplificado (PSS), recurso bastante utilizado pelas unidades do CELEM. Segundo Priscila, o problema é que como estes contratos são temporários, não é possível criar uma estabilidade formativa das aulas. A dificuldade de estabelecer o ensino de espanhol nas escolas se agrava ainda mais se levar em consideração que o Centro de Estudos precisa ter um número de matrículas mínimas suficiente para continuar oferecendo a língua.

 O ensino da língua espanhola no Paraná

Resultado de sua pesquisa de mestrado, o livro de Deise Picanço,  “História, Memória e Ensino de Espanhol (1942-1990)” apresenta um percorrido histórico do ensino do espanhol no Paraná, a partir de sua inserção como disciplina obrigatória já na década de 40. No áudio, Deise comenta sobre seu projeto.

História, Memória e Ensino de Espanhol (1942-1990)

 Texto e edição: Ana Luiza Prendin



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