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NINA (de Heitor Dhalia)

(Drama)

(2003)


SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

"É de certa forma a história de um fracasso". A atriz Guta Stresser, 30, descreve assim a trajetória de Nina, personagem que a trouxe do Rio de Janeiro para São Paulo há um mês e meio.
No entanto, o percurso em queda livre de Nina -protagonista do longa de estréia do diretor Heitor Dhalia, 32, cujas filmagens começaram na semana passada- tem atrás de si um time de estrelas em ascensão e alguns astros confirmados nas telas, nos palcos e até nas livrarias nacionais.
Contracenam com Stresser (ela mesma uma atriz teatral revelada nacionalmente pela TV com sua participação no elenco de "A Grande Família") nomes como Matheus Nachtergaele, Selton Mello, Lázaro Ramos, Renata Sorrah, Juliana Galdhino, Wagner Moura, Sabrina Greve, Milhem Cortaz, Guilherme Weber e, sobretudo, Myriam Muniz, diva e decana do teatro paulistano, que interpreta a antagonista Eulália.
O roteiro do filme foi burilado em 12 versões por Marçal Aquino, escritor que inscreveu sua assinatura no cinema nacional na bem-sucedida parceria com o diretor Beto Brant ("Matadores", "Ação Entre Amigos", "O Invasor").
Desta vez, Aquino não parte de uma idéia original e tampouco faz uma adaptação. "É um filme livremente inspirado em "Crime e Castigo", de Dostoiévski [1821-1881]", diz.
Entre as liberdades tomadas com a obra do autor russo -afora a transformação do personagem principal, Raskolnikov, numa mulher-, estão a transposição da história para a São Paulo dos dias de hoje e seu diálogo com a linguagem da música eletrônica e a dos quadrinhos.
Quando Nina desenha no filme, o verdadeiro dono do traço é Lourenço Mutarelli, nome dos mais respeitáveis no universo das HQs nacionais, de quem Dhalia também pretende levar para o cinema a obra literária "O Cheiro do Ralo", em seu próximo longa.
Além de traduzir em quadrinhos o mundo que vê, Nina é uma garota que, com muita inteligência e pouco dinheiro, tenta se virar no centro de uma São Paulo de velhos apartamentos em que jovens (como ela) apreciam a música eletrônica, buscam o prazer nas drogas e ancoram na frieza as suas relações.
É dona de uma personalidade difícil de compreender. "Mas ninguém é uma coisa só. Nem só duas. Nem só três", diz Stresser, para quem a dubiedade de Nina é seu principal fator de sedução.
Inquilina de um quarto insalubre numa casa igualmente decadente, Nina encontrará na senhoria com quem convive (Eulália) o papel da velha que é, a um só tempo, sua vítima e algoz.
"É um drama psicológico, underground", diz Heitor Dhalia, 32, que fez a assistência de direção em "Um Copo de Cólera" e roteirizou "As Três Marias", ambos de Aluizio Abranches.
Para Dhalia, "Nina" é uma "aposta 100%". "Fiz todas as apostas possíveis: financeira, de emprego, emocional", diz. Foi dele a idéia de adaptar "Crime e Castigo" para tempo e cenário atuais.
O clássico de Dostoiévski, expoente do realismo russo, é qualificado como um drama moral. No livro, Raskolnikov, que vê a si e a sua família afundarem na miséria, mata uma usurária para ficar com seu dinheiro.
A preparação do filme consumiu três anos. E o resultado, acredita Dhalia, será exatamente o que ele planejou -um filme autoral, que não corteja o espectador com amenidades.

Drama psicológico
"Fiz o que acredito. O filme é um drama psicológico, underground. O mundo que Nina vê é um mundo distorcido pela doença. Uma distorção que vem da melancolia, da doença nervosa, do descontrole", afirma.
Para caracterizar esse ambiente, Dhalia deu a Nina um "universo que não é clubber, mas underground, paranóico, ao som de um tecno pesado, não-concessivo".
O longa deve ter mais seis semanas de filmagens, no estúdio em que foi construído o apartamento de Eulália e em locações no centro de São Paulo.
O orçamento é de R$ 2,4 milhões, e o diretor pretende estreá-lo no Festival de Sundance de 2004, por achar que o perfil independente da mostra norte-americana coincide com o de seu filme.
"Nina" é produzido pela Gullane Filmes, dos irmãos Caio e Fabiano Gullane, esses também nomes em ascensão no panorama do cinema brasileiro.
Em parceria com outras agências, os Gullane produziram, entre outros, "Bicho de Sete Cabeças", de Laís Bodanzky. Os irmãos (Caio, 30, e Fabiano, 32) assinam a direção de produção e a produção executiva do inédito "Carandiru", de Hector Babenco, filme de maior orçamento do cinema nacional (cerca de R$ 12 milhões).
Com "Nina", os Gullane fazem seu primeiro vôo solo, dispostos a consolidar um selo de produção de títulos "com densidade dramatúrgica, elenco de alta qualidade e uma atmosfera pessoal na fotografia e na direção de arte".
Em "Nina", José Roberto Eliezer ("A Dama do Cine Shangai") assina a direção de fotografia, e Akira Goto ("Castelo Rá-Tim-Bum - O Filme"), a direção de arte.



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