CASLA - NOTÍCIAS


UM OUTRO 11 DE SETEMBRO- mostra de cinema e dabate sobre o Chile

(13/09/03)


UM OUTRO 11 DE SETEMBRO:

Mostra de cinema e ciclo de palestras sobre os 30 anos do golpe contra Salvador Allende
19 a 25 de setembro de 2003

Cinemateca de Curitiba

Rua Carlos Cavalcanti, 1174

tel. 41 321.3252



O Núcleo de Pesquisa em Sociologia Política Brasileira, o Departamento de Ciências Sociais e o Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná, com o apoio da Cinemateca de Curitiba, apresentam a mostra de cinema e o ciclo de conferências UM OUTRO 11 DE SETEMBRO. A mostra faz parte das atividades do projeto “Cinema, Política e História”. O evento pretende refletir sobre a presidência de Salvador Allende e o golpe militar de 11 de setembro de 1973 que marcou o fim trágico do seu governo, inaugurando uma das mais marcantes ditaduras da América Latina.

Os filmes de ficção e documentários exibidos na mostra, raramente projetados no Brasil, incluem “Chacal de Nahueltoro” (de Miguel Littin, 1969), a trilogia “La Batalla de Chile” (de Patricio Guzmán, 1973-1975), um dos documentos cinematográficos mais impactantes sobre a crise da Unidade Popular e o golpe militar de 1973, e o aclamado “La Frontera” (de Ricardo Larrain, 1991). A primeira fita é um clássico do Nuevo Cine Latinoamericano dos anos sessenta e conta a história de um assassino que chacina uma família e vai a julgamento, dando a oportunidade para que o diretor Miguel Littin discuta as contradições de um sistema social injusto e opressor. “La Frontera”, por outro lado, narra a história de um professor que se vê exilado em seu próprio país, após denunciar a prisão ilegal de um colega pela ditadura. Já a trilogia “La Batalla de Chile” é um dos mais importantes documentários da história do cinema latinoamericano, imortalizando cenas reais de um dos episódios mais dramáticos do continente. Todos os três filmes são exemplos de uma cinematografia que se constituiu a partir de uma reflexão profunda sobre a história e a política, sem abrir mão da emoção.

Além dessas fitas, a mostra traz três documentários: “No”, documentário brasileiro sobre o plebiscito que decretou o fim da ditadura Pinochet (de José Lopes Duque, 1988); “Chile, Memória Obstinada” (1997), do próprio Patrício Guzmán, que revisita os personagens de sua trilogia clássica sobre o golpe; e o curta do cineasta curitibano Luciano Coelho, “História de um passado perdido” (1997). Esses filmes nos permitem refletir sobre as tentativas de superação dos traumas do passado no árduo processo de redemocratização, que vai muito além do retorno constitucional do governo democrático eleito pelo povo.

Juntamente com as sessões, ocorrerão palestras e debates com convidados, onde serão discutidos alguns dos temas abordados pela Mostra: Sílvio Tendler, cineasta autor de vários filmes sobre a história e a política do Brasil, proferirá a conferência de abertura onde fará uma exposição sobre as relações entre Cinema, Política e História, bem como sobre sua experiência como cineasta no Chile, na confecção do filme “La Spirale” (1975); Fabian Nuñez, mestre em cinema pela Universidade Federal Fluminense, falará sobre a história do cinema chileno; o cineasta curitibano Luciano Coelho falará sobre a trilogia “La Batalla de Chile” e sobre sua experiência como aluno de Patrício Guzmán, diretor do documentário; o professor Dimas Floriani (UFPR), compartilhará sua experiência de testemunha ocular da história, já que morou no Chile durante aqueles anos dramáticos e decisivos; por fim, os professores Sérgio Braga (UFPR) e Marcos Napolitano (UFPR) farão um balanço das questões históricas e políticas suscitadas pela passagem dos 30 anos da queda do governo da Unidade Popular.

O evento é totalmente gratuito, acontecerá na Cinemateca de Curitiba (Rua Carlos Cavalcanti, 1174, tel: 41-321-3252) e terá início sempre às 19 hs. Por se tratar de um evento acadêmico de extensão, os participantes que assistirem a 75% da programação farão jus a certificado de participação emitido pelos organizadores (UFPR e Cinemateca). As inscrições poderão ser feitas na secretaria do Departamento de Ciências Sociais da UFPR (tel.: 360-5093), entre 14:00 e 18:00 hs., ou na Cinemateca de Curitiba (tel.: 321-3252), no mesmo horário, até o dia 19 de setembro. Os filmes estão no original em espanhol, sem legendas.

A grade de programação será a seguinte:




SETEMBRO


Sex/19 Sáb/20 Dom/21
Seg/22
Ter/23
Qua/24
Qui/25

19:00-22:00
Conferência de abertura: Sílvio Tendler;

Exibição de “No” (José Lopes Duque, Brasil, 1988)


Palestra: Fabian Nunes (mestre em Cinema pela UFF);

Exibição de El Chacal de Nahueltoro;

(Miguel Littin, Chile,1969)


Exibição de La Frontera (Ricardo Larrain, Espanha/Chile, 1991)
Palestra: Luciano Coelho

Exibição do Curta História de um passado perdido (Luciano Coelho, Brasil, 1997, 17 min.);

Exibição de La Batalla de Chile I: La insurrección de la burguesía (Patricio Guzmán, Chile/Cuba, 1973-1975, 100 min.)
Palestra: Dimas Floriani (UFPR)

Exibição de La Batalla de Chile II: El Golpe de Estado (Patricio Guzmán, Chile/Cuba, 1973-1975, 90 min.)


Exibição de La Batalla de Chile III: El Poder Popular (Patricio Guzmán, Chile/Cuba, 1973-1975, 82 min.);

Apresentação “Vientosur”?
Palestra: “Cinema, Política e História”, Marcos Napolitano (UFPR) e Sérgio Braga (UFPR)

Exibição de Chile, La Memoria obstinada (Patrício Guzmán, Chile, 1997, 60 min.)



Cinemateca de Curitiba

Rua Carlos Cavalcanti, 1174

tel. 41 321.3252





Realização: Núcleo de Pesquisa em Sociologia Política Brasileira (UFPR), Departamento de Ciências Sociais (UFPR), Programa de Pós-Graduação em História (UFPR) e Cinemateca de Curitiba



Coordenadores: Marcos Napolitano (UFPR)

Nelson Bücker (UFPR)

Sérgio Braga (UFPR)



Evento de extensão: UFPR/Cinemateca. Serão emitidos certificados de participação em nome das instituições promotoras do evento.



Apoios e Patrocínios: SESC; UFPR; Núcleo de Pesquisa em Sociologia Política Brasileira; Fundação Cultural de Curitiba; Beto Batata; Hotel Sheraton.





SINOPSES





1) “No” (curta-metragem)



Brasil, 1988
Direção: José Lopes Duque




Documentário sobre o plebiscito chileno de 1988, premiado no Rio Cine Festival de 1989. José Ronaldo Lopes Duque é jornalista, diretor, produtor e roteirista de programas comerciais e documentários para cinema e televisão. Nasceu no Rio de Janeiro em 1954. Sua filmografia inclui, entre outros, o documentário "Brinquedos, Promessas e Fé", sobre os brinquedos populares e os promesseiros do Círio de Nazaré, vencedor do prêmio Luiz Estevão de Cultura de 1994. Assinou a produção executiva de "Janela para os Pirineus", vencedor do prêmio Paulo Emílio Salles Gomes, no 29º Festival de Brasília (1996), além do making of do longa-metragem "Guerra de Canudos", 1º prêmio do Festival Internacional de Making of (1997).



2) El chacal de Nahueltoro



Chile, 1969

Direção e roteiro: Miguel Littin

Fotografia: Héctor Rios

Música: Sérgio Ortega

Duração: 95 min



Filme de importância fundamental na história do cinema chileno e latino-americano, El chacal de Nahueltoro consolidou o movimento “Novo Cinema Latino-Americano” de fins dos anos 60, que originou-se no Primeiro Festival de Cinema e no Encontro de Cineastas Latino-americanos, realizado em Vinã de Mar em 1967. Nesse encontro, um grupo de cineastas latino-americanos manifestou a urgência de produzir um cinema distinto dos padrões “hollywoodianos”, com suas raízes postas na realidade do subdesenvolvimento e comprometido com a mudança social e política. Filme raramente exibido no Brasil, este foi o primeiro longa-metragem do eminente cineasta chileno, Miguel Littin, também autor de Actas de Marusia. Baseado num fato real ocorrido no início dos anos 60 nos arredores de Chillám, o filme narra o encarceramento e condenação de José Cármen Valenzuela Torres, acusado de triplo homicídio. A partir desse fato, o autor lança um olhar crítico sobre o sistema social e as condições de um país responsáveis em grande medida pelos crimes e delitos individuais.



3) La Frontera



Espanha/Chile, 1991

Diretor: Ricardo Larrain

Fotografia: Héctor Rios

Música: Jaime de Aguirre

Duração: 120 min


Durante os últimos anos da ditadura militar no Chile, Ramiro Orellana, professor de matemática, é desterrado para “a fronteira”, onde deve enfrentar uma nova realidade e seus próprios dilemas interiores. Filme premiado em vários festivais internacionais, pela profundidade e sutileza de sua narrativa transcende as circunstâncias políticas e históricas que servem de pano de fundo a seu enredo. Um dos mais belos filmes realizados após a redemocratização do país e a reconstrução do cinema chileno, praticamente destruído pela ditadura de Pinochet.



3) História de um passado perdido



Brasil, 1997

Direção e Roteiro: Luciano Coelho

Duração: 17 mim.



Filme escrito e dirigido no Chile por Luciano Coelho, “Historia de un pasado perdido” é um documentário sobre a cidade chilena de Lota, que passou por um intenso processo de crescimento graças à extração do carvão, mas hoje é um dos municípios mais pobres do país. O filme foi ganhador do prêmio de Melhor Roteiro e da Menção Especial para Filme no Festival de Cinema de Curitiba, selecionado para o Festival de Havana e exibido como hors-concours no Festival de Brasília. Luciano Coelho nasceu em Curitiba em 1971 e estudou cinema na Escuela Internacional de Cine y Televisión, de Cuba. Participou também do Taller de Dirección de Fotografia Hector Rios, em Santiago do Chile (1996). Na escola cubana, entre 1993 e 1995 realizou, entre outros, os curtas “Dúvida”, apresentado no “Manheim-Heidelberg Film Festival”, e “Para siempre solo”, trabalho final de graduação, destacado da produção da EICTV pelo cineasta italiano Ettore Scola. Dirigiu também o documentário “O Urbenauta” e o filme digital “Uma carta”. Em 2002 realizou o vídeo “Amarelo vermelho verde”, que venceu o Festival do Minuto de Curitiba, e finalizou o média-metragem de ficção “O fim do ciúme”.





4) La Batalla de Chile I: La insurrección de la burguesía


Chile/Cuba, 1973-1975

Direção e roteiro: Patrício Guzmán

Fotografia: Jorge Muller Silva.

Montagem: Pedro Chaskel

Duração: 100 min.



Os últimos meses do governo de Salvador Allende. Após a derrota nas eleições parlamentares, em março de 1973, a oposição busca as formas legais de boicote ao regime. Diante da ineficácia de suas manobras, resta o último recurso: o golpe de Estado e o recurso à intervenção militar. Essa trilogia é o documentário chileno mais premiado de todos os tempos e ainda hoje não exibido no Chile.



5) La Batalla de Chile II: El golpe de Estado


Chile/Cuba, 1973-1975

Direção e roteiro: Patrício Guzmán

Fotografia: Jorge Muller Silva.

Montagem: Pedro Chaskel

Duração: 90 mim.



Os dois últimos meses do governo da Unidad Popular, durante os quais as classes dominantes recorrem às táticas de derrubar, pelas armas, Salvador Allende. O documentário faz uma emocionante e dramática narrativa do levante militar de junho, conhecido sob o nome de Tancazo, até o definitivo golpe de 11 de setembro de 1973, que derrubou o governo da Unidade Popular e o presidente chileno Salvador Allende.



6) La Batalla de Chile III: El poder popular


Chile/Cuba, 1973-1975

Direção e roteiro: Patrício Guzmán

Fotografia: Jorge Muller Silva.

Montagem: Pedro Chaskel

Duração: 82 mim.



Durante 1972 e 1973, as camadas populares que apóiam o governo de Allende organizam uma série de exemplos de “poder popular”, como armazéns comunitários e comitês de camponeses, que buscam neutralizar o caos. Essas instituições formam um verdadeiro “Estado dentro do Estado”, apontando para o horizonte de um autêntico governo popular.





7) Chile, La Memoria obstinada



Chile, 1997
Direção e roteiro: Patrício Guzmán

Duração: 60 min.



Após a redemocratização chilena no início dos anos 90, Patricio Guzmán realiza outro documentário sobre o golpe contra o governo Allende. Após um longo trabalho de pesquisa e a realização de várias entrevistas com alguns dos protagonistas dos acontecimentos narrados em sua trilogia anterior, Guzmán produz o documentário "La Memoria Obstinada", no qual aborda o difícil tema da memória dos sangrentos episódios de setembro de 1973 no Chile. Ao abordar o tema da memória (ou falta de) histórica sobre aqueles acontecimentos, Gusmán nos possibilita refletir sobre o processo de superação dos traumas do passado no árduo processo de redemocratização, que vai muito além do retorno constitucional do governo democrático eleito pelo povo. Um instigante olhar a respeito do processo de “amnésia política coletiva” sobre o regime militar chileno e as ditaduras latino-americanas em geral.




há mais de 20 anos na Luta pela Integração Latino-Americana