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Ricos impedem pobres de crescer, afirma Pnud

(07/09/05)


Viena - As políticas comerciais "injustas" dos países ricos impedem o crescimento dos países pobres, afirma o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) no relatório 2005 apresentado nesta quarta-feira em Viena e Nova York.

"As barreiras comerciais que enfrentam os países em desenvolvimento que exportam para os países ricos são, na média, três vezes mais elevadas que as que regem os negócios entre os países ricos", destaca o texto.

O documento de 372 páginas mostra que os países pobres representam menos de um terço das importações dos países ricos, mas dois terços de seus rendimentos alfandegários.

"Esta imposição perversa e estas políticas comerciais injustas continuam impedindo que milhões de habitantes dos países mais pobres do mundo saiam da pobreza, mantendo desigualdades obscenas", denuncia o relatório.


Monopólio de exportações
O Pnud também destaca os subsídios dos países ricos a sua agricultura, que segundo a agência da ONU "lhes permite conservar um quase monopólio no mercado mundial das exportações agrícolas".

"Os países em desenvolvimento perdem quase US$ 24 bilhões anuais devido ao protecionismo agrícola e aos subsídios praticados pelos países ricos", acrescenta o texto.

O Pnud cita o exemplo dos produtores europeus de açúcar que, pagando quatro vezes mais que o preço mundial, (...) provocaram a queda dos preços mundiais, o que resultou em perdas de US$ 494 milhões ao Brasil e US$ 151 milhões à África do Sul.


Agricultores x ministros
"Depois da retórica da liberdade de mercado e das virtudes de uniformizar as regras do jogo se oculta a dura realidade que alguns dos agricultores mais pobres do mundo são obrigados a rivalizar, não com os agricultores do Norte, e sim com os ministros das Finanças dos países industrializados", declarou Kevin Watkins, o principal autor do relatório.

O texto, divulgado uma semana antes do início da Assembléia Geral das Nações Unidas, que será inaugurada no dia 13 de setembro em Nova York, pede "mudanças rápidas e sensíveis das políticas mundiais em matéria de ajuda, de comércio e de segurança" para alcançar as Metas de Desenvolvimento do Milênio definidos no ano 2000 pela ONU para erradicar a pobreza até o ano de 2015.



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