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Piloto confessa ter dado fim a corpo de opositores de Pinochet

(17/07/06)


da Ansa, em Santiago

Um piloto de confiança do ex-ditador chileno Augusto Pinochet (1973-90), identificado apenas por seu apelido, Chinês Campos, confessou à Justiça que em 1987 lançou ao mar os corpos de cinco militantes da Frente Patriótica Manuel Rodríguez (FPMR), informou nesta segunda-feira o jornal "La Nación".

O testemunho estaria nas mãos do juiz Hugo Dolmestch, que investiga uma série de violações dos direitos humanos cometidas durante a ditadura de Pinochet.

Em seu relato, o ex-piloto afirma que seu co-piloto na operação foi um oficial que continua na ativa e que trabalha em uma agregação militar na Europa.

O jornal "La Nación" informou que a identidade do piloto oficial será mantida em sigilo até o juiz Dolmestch indiciá-lo, o que provavelmente ocorrerá nos próximos dias.

Segundo as informações, "na semana passada o chefe da Brigada de Assuntos Especiais e Direitos Humanos da Polícia de Investigação, Rafael Castillo, e seu colega Mario Zelada estiveram em um país europeu em busca de uma testemunha-chave para o processo".

Os cinco opositores lançados ao mar foram identificados como Gonzalo Fuenzalida, Julio Muñoz, José Peña, Alejandro Pinochet e Manuel Sepúlveda, todos presos por agentes da CNI (a polícia secreta de Pinochet) "para trocá-los pelo coronel Carlos Carreño".

Carreño, ex-diretor da Fábrica de Armas do Exército (Famae), foi seqüestrado e mantido como refém durante meses. Depois foi libertado com vida no Brasil. Aparentemente estava relacionado com a venda ilegal de armas ao exterior.

Durante o processo, o juiz confirmou que parte da operação consistiu em amarrar a ferros os corpos dos cinco opositores antes de lançá-los ao mar.

Em seu testemunho, Chinês Campos revelou que, em setembro de 1987, seu chefe, o coronel Mario Navarrete, ordenou-lhe que usasse um dos helicópteros institucionais para viajar ao lado de um subalterno até a região de Peldehue "para buscar alguns pacotes", referindo-se aos cinco opositores.

Pela prisão desses militantes estão sendo processados, desde 2002, o chefe da CNI, general Hugo Salas, o comandante Krantz Bauer, o major Alvaro Corbalán, o capitão Luis Sanhueza, os suboficiais Manuel Ramírez e René Valdovinos (todos na reserva), e os funcionários civis do Exército César Acuña, Manuel Morales, Luis Santibáñez e Víctor Ruiz Godoy.



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