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FERNANDO FARO EDITA 25 CDs DE MPB (Depoimentos)

(21/06/00)


FERNANDO FARO

Coleção começa com 25 títulos contendo música e depoimentos de nomes históricos da canção popular.
A história volta a ser contada. Acabam de ser transcritos para CD 25 dos cerca de 400 programas que o produtor Fernando Faro, 64, tem conduzido sob os títulos “Ensaio”(de 69 a 71 e de 89 até hoje) e “MPB Especial” (70-75) nas TVs Tupi e Cultura.
A memória não se faz só de música. A reprodução na íntegra dos programas une as centenas de reinterpretações antológicas e os depoimentos muitas vezes esquecidos de nomes da MPB.

Alguns depoimentos:

ADONIRAN BARBOSA:
“Eu entregava marmita, querido amigo, e no caminho eu tinha fome (...). No caminho abria a marmita e contava os bolinhos(...). Se a família tinha duas pessoas, tinha seis bolinhos, eu afanava dois no caminho(...). Eu era malandrinho já, sabe? Não era malandro, era espertinho, tinha fome. (...) Sabe o que é malandragem? Malandragem é fome”.

CARTOLA (sobre o samba “Que Infeliz sorte”):
“O rapaz foi lá e disse: Cartola, vem cá. O Mário Reis tá aí, queria comprar um samba teu. O quê? Comprar samba? Você tá maluco, rapaz?(...) Eu não vou vender coisa nenhuma. (...) Ele disse: Quanto é que você quer pelo samba?. Eu virei pro cara, no cantinho, disse assim: Vou pedir 50 mil réis. O quê, rapaz? Pede 500. (...) Com muito medo, pedi 500 contos. Não, dou 300. Tá bom? Eu disse: Bom, me dá esses 300 mesmo. Mas com muito medo (...) Mas botou meu nome direitinho, legal (...). Ele comprou, mas não deu para a voz dele. Então gravou Chico, Francisco Alves”.

CYRO MONTEIRO (sobre o velório de Geraldo Pereira):
“Mas, dentro da tristeza, às vezes, quase sempre, há uma nota cômica. Vou contar pra vocês, eu estava assim velando o Geraldo(...).
Então entrou um cabrochinho, bem vestidinho, e chegou perto de mim com aquele olhar triste(...), botou a mão no meu ombro e disse: Seu Cyro, que coincidência!. Eu fiquei esperando a coincidência. Mas não tinha coincidência, ele queria dizer “que tristeza”, “que catástrofe”.

(Pedro Alexandre Sanches, Folha de São Paulo, Ilustrada, p.E1, 21/06/00).



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