Agricultura e Meio Ambinte

Desenvolvimento Sustentável
Problemas Projetos América Latina

Desenvolvimento sustentável

Já no final dos anos cinquenta e início dos anos sessenta, a discussão sobre a questão agrária fazia parte da polêmica sobre os rumos que deveria seguir a industrialização brasileira. Argumentava-se então que a agricultura brasileira - devido ao seu atraso - seria um empecilho ao desenvolvimento econômico, entendido como sinônimo da industrialização ( SILVA, 1980 ).

Dever-se-ia, para tanto, modernizar a agricultura, adotando-se modelos tecnológicos que elevassem a produtividade dos sistemas gerando recursos que viabilizassem o modelo desenvolvimentista adotado. Tal modelo tecnológico segui um padrão agrícola químico, motomecânico e genético, gestado nos EUA e Europa, que caracterizou a Revolução Verde ( EHLERS, 1994 ).

No entanto, a Revolução Verde traria consigo malefícios à sociedade, tais como delapidação dos recursos naturais e biodiversidade, contaminação dos ecossistemas e intoxicação dos homens por agrotóxicos, o que marcaria a crise do paradigma tecnológico atual. Nesse contexto de crise é que adquire sentido a discussão sobre desenvolvimento sustentável , uma fórmula de compromisso que emergiu gradualmente entre os ecologistas e os partidários do desenvolvimento; ganhou notoriedade por ocasião da publicaçãodo Relatório Bruntland em 1987, com a crise da idéia de desenvolvimento em numerosos países do Sul em crescimento demográfico elevado e ameaças de degradação do meio ambiente cada vez mais preocupantes.

O desenvolvimento sustentável enfatiza a necessidade de um enfoque e de uma gestão integrados do meio e dos recursos. Um outro aspecto importante desta discussão, demonstra que o desenvolvimento sustentável deve integrar as políticas do meio ambiente na perspectiva do desenvolvimento econômico ( LÉVÊQUE, 1997 ). Outros autores ( CARRIERI & MONTEIRO, 1996 ), citando Nykamp, emfatizam três dimensões do desenvolvimento sustentável: o primeiro pela manutenção das características do ecossistema e sua sobrevivência a longo prazo. O segundo seria de ordem econômica, pois o sistema deveria fornecer uma renda para assegurar que seu manejo continuasse atrativo. E o terceiro, seria de ordem social, e se refere à distribuição de custos e benefícios e à preservação dos valores sociais e culturais e culturais das populações envolvidas.

A Agricultura Orgânica aparece como alternativa de sustentabilidade social, econômica e ecológica, num contexto social recente, no interior da crítica feita ao modelo dominante de apropriação da natureza. A importância do desenvolvimento de uma Agricultura Orgânica indica dois processos centrais nas práticas de reprodução social: por um laldo, a necessidade de desenvolver uma consciência socioambiental crítica em relação ao modelo predatório dos recursos naturais; e por outro, a necessária inclusão desse desenvolvimento na perspectiva das demandas colocadas pelo mercado ( GODARD,1994 ).

Autor: Nicolas Floriani

florianico@scientist.com


Os modelos de desenvolvimento e a questão ambiental

Historicamente:

•Nos anos 50 o fato era diminuir a distância entre Norte e Sul através de investimentos financeiros, equipamentos e tecnologias originários dos países desenvolvidos. Prevaleceram concepções imitativas e quantitativas de desenvolvimento.

•Nos anos 60 desenvolvimento era sinônimo de progresso material, ou seja, crescimento economico.

•Nos anos 70 o conceito de desenvolvimento ampliou-se, passando a abranger questões sociais como o alívio da pobreza e redistribuição de renda.

•Nos anos 80, o conceito ampliou-se no sentido de pensar desenvolvimento qualitativo o que inclui o conceito de desenvolvimento sustentável, com enfase no meio ambiente global.

EHLERS, Eduardo. Agricultura sustentável: origens e perspectivas de um novo paradigma.

 

Contaminação Ambiental e Biomagnificação dos Agrotóxicos

Quando os agrotóxicos são aplicados nos agroecossistemas, eles sofrem uma série de reações e redistribuem-se nos diversos componentes deste ambiente, contaminando-os. Por exemplo, considerando-se os herbicidas aplicados nos solos, o destino destes é governado por três tipos gerais ( BLANCO, 1979 ). Os processos físicos: volatilização, lixiviação pela água e erosão com o solo por vento e água. Processos químicos: fotodecomposição, adsorção, reações químicas com os constituintes do solo e retirada pelas plantas e microorganismos, e processos microbiológicos, representados pela decomposição microbiana.

 

Figura 01. processos que influenciam o comportamento e destino dos herbicidas aplicados no solo. Os processos de degradação estão caracterizados pela separação das letras H e B que representam as moléculas do herbicida. Os processos físicos estão simbolizados pela molécula HB permanecendo inteira ( BLANCO, 1979 )

Nesta figura, verifica-se que os herbicidas, como qualquer agrotóxico aplicado neste ecossistema, redistribuem-se em quantidades e concentram-se nos diversos componentes bióticos e abióticos.

Com o uso intensivo dos agrotóxicos pode-se afirmar, sem receio de contradiçã, que estes compostos estão presentes em todos os tipos de ambientes e ecossistemas do mundo.Os níveis podem ser tão baixos para se detectar por métodos analíticos atualmente exitentes e pode até mesmo não ter qualquer significado imediato em muitas áreas, particularmente onde a chamada civilização não tenha ainda alcançado.

O grupo de agrotóxicos organoclorados foi o primeiro que despertou a opinião pública para os aspectos de contaminação ambiental, não obstante a importância destes inseticidas para a agricultura e saúde pública mundial. O longo poder residual, considerado como característica positiva destes compostos, começou a ser considerado como sério inconveniente, encerrando um significado ecológico extremamente grave. A ação ação residual dos organoclorados é devido à sua elevada estabilidade química que lhes confere prolongada persistência no ambiente.

Desta forma, surgiu o termo biomagnificação para expressar o acúmulo dos agrotóxicos nos diversos níveis tróficos das cadeias ecológicas dos ecossistemas. Na figura 2, observa-se este fenômeno, com o DDT. Neste exemplo, observa-se realmente que persiste em todos os componentes bióticos e abióticos do ecossistema, incluindo, inclusive no homem e seus alimentos. O homem, por estar no topo de diversas cadeias alimentares, assim como os pássaros predadores, são os organismos que mais concentram os compostos organoclorados e, conseqüentemente, maiores são os riscos de intoxicação e morte.

 

Figura 2. Concentrações típicas ( ppm ) do DDT nos diversos componentes do ambiente ( Edwards, 1970, citado por MATUO, 1987).

 

Fonte: MACHADO NETO, J.G. Ecotoxicologia de agrotóxicos, Jaboticabal, FCAV-FUNEP, 1991.

Na seqüencia do trabalho sobre Ecotoxicologia dos agrotóxicos o autor discute a contaminação dos diversos ecossistemas e do homem. Para fins didáticos, nós resuminos alguns ítens do trabalho apresentando-os em forma de tópicos. Por tanto, a biomagnificação dos agrotóxicos nos organismos e a contaminação dos diversos ecossistemas e do homem pode ser apresentada da seguinte maneira:

• Resíduos em águas;
• Resíduos em Ecossistemas aquáticos;
• Resíduos no solo;
• Resíduos em organismos terrestres e
• Resíduos na Atmosfera.

São 2 os processos de biomagnificação:

a. biomagnificação em certo nível trófico e
b. Biotransferência de um nível trófico para outro.

São duas as formas como ocorre a biomaginficação:

a. absorção direta do meio através da osmose e
b. assimilação direta via oral através da água ou alimento.

As características de um praguicida para sofrer magnificação biológica são:

a. Persistência no meio ambiente;
b. Persistência na forma disponível ( dissolvido, associado a partículas em suspensão, matéria orgânica em decomposição, matéria viva );
c. Persistência no sistema biológico ( acúmulo mais rápido do que metabolismo e excreção ).

Grupo químico que atende aos quisitos anteriores:

Todo metal pesado tem essa característica. Ex: Mercuriais, organoclorados, chumbo.

Contaminação residual dos solos:

a. Origem da poluição dos solos:

• Aplicação direta no combate às pragas do solo;
• Deriva de pulverização aéreas;
• Resíduos em águas;
• Decomposição de partículas pela precipitação, vento ou poeira;
• Incorporação de plantas e animais com resíduo.

Deslocamento dos resíduos

a. Horizontal: erosão, atingindo ( rios, lagos, lençol freático, oceanos).
b. Vertical: lixiviação.

Contaminação Residual das Águas.

1. Origem:

• Alicação direta de agrotóxicos no combate de larvas, mosquitos, caramujos, vegetação aquática.
• Escorrimentosuperficial de água oriunda de água tratada;
• Partículas de solo contaminadas que são carregadas pela erosão;
• Lixiviação;
• Lavagem de equipamentos diretamente na água;
• Descarga de efluentes industriais ou de atividades agrícolas;
• Deriva;
• transporte pela água da chuva.

Os dados abaixo relacionados foram extraídos do material fornecido aos alunos da disciplina de Defesa Sanitária Vegetal da faculdade de agronomia da UFPR,no ano de 1999, ministrada pelo docente Mario Nieweglowski Filho.

Persistencia no Meio Ambiente

Indicativo de Persistencia e degradação no M.A. ( portaria 10/85):

-A persistencia é curta quando a meia vida é até 90 dias .

-A persistencia é média quando a meia vida é até 91 a 180 dias

-A persistencia é longa quando a meia vida é acima de 181 dias .

Obs: Meia vida = tempo que 50% do produto leva para ser degradado.

Indicativo de deslocamento no M. A.

Alguns conceitos básicos

DL50: Dose esperada que causa uma resposta letal em 50% da população testada.

CL50: Concentração letal ( idem acima )

IDA ou DDA: Ingestão diária aceitável ou Dose diária aceitável

IDA = Dose sem efeito ( ppm ) x peso / 100

Intervalo de sergurança ou período de carencia: intervalo de tempo entre a última aplicação do agrótoxico e a colheita ou comercialização.

Toxicologia

Toxicidade pode ser:

a. Aguda

Com relação à exposição química pode ser de curta duração e/ou dose única.

b. Crônica

Com relação à exposição química pode ser de longa duração com repetidas exposições e/ou várias doses.

A seguir serão apresentados algum dados extraídos de revistas, periódicos e livros referentes à contaminação do homem e meio ambiente em que está inserido:

         Resíduos de Agrotóxicos em alimentos

-Culturas mais problemáticas-

Culturas

Total de análises

Número amostras

 

% C.R.

C. R.

S. R.

Batata
Cenoura
Maçã
Melancia
Morango
Pimentão
Tomate  

Uva

193  
17
100
07
13
06
26  
99

23
13
10
03
09
04
10  
37

170  
04
90
04
04
02
16  
62

11,92
76,42
10,00
48,86
69,23
66,66
38,46
37,37

C.R.= Com Resíduo e S.R.= Sem Resíduo.

Fonte:( SEASA-PR, 1987 a 1992 )

ingredientes ativos detectados nas culturas acima citadas

Batata - BHC, Aldrin, Aldicarb, Diquat, Carbofuran, Forate, Lindane,Mercúrio, Paraquat

Cenoura- BHC, Aldrin, DDT, Carbaril, Clorotalonil, Heptaclor

Maçã- BHC, Dicofol, Triclorfon, Metalaxil

Melancia- Carbossulfan

Morango- BHC, Dicofol, Tiofanatomatílico

pimentão- BHC, Dicofol, Clorotalonil

Tomate- BHC, Aldicarb, Metalaxil, Metamidafós

Uva- Diazinon, Metalaxil, Oxiclo.cobre, Paration metílico, BHC, Pirazofós

La energia en los ecosistemas y en los sistemas tecnológicos

El manejo tecnológico de los flujos energéticos tiene gran importancia para la actividad agrícola. La agricultura moderna se basa fundalmentalmente en la inducción de grandes corrientes de energía a los sistemas agropecuários. Esa energía es principalmente de origen fósil, pero también interviene, en forma cada vez mayor, la energía nuclear. Los productos agropecuários dependem cada vez más de estas fuentes y cada vez menos de la energía solar directa. Tal como lo advierte Odum, el progreso agrícola se debe más a los subsidios energéticos que a la adopción de variedades genéticas, porque muchas vezes la adaptación de estas variedades depende de los subsídios de energía.
El aumento en el uso de la energía ha sido gigantesco. Un indivíduo requiere aproximadamente 2.000 calorías, o sea 100 watios en forma de alimento para poder vivir. En 1970, un habitante de Estados Unidos consumía 10.000 watios diarios. El consumo de energía fósil a principios del presente siglo, era todavía muy pequeño. En 1970 rondaba los 12.000 millones de barriles al año. El crescimiento ha sido aproximadamente de 7% anual.
Al final de esa impresionante carrera tecnológica, el hombre empieza a darse cuenta de que el desarrollo moderno tiene su precio. No se puede introducir impunemente en el sistema de vida la energía acumulada en los cementerios de la tierra. Sólo muy tarde empezamos a comprender que el equilibrio del planeta empieza a desestabilizarse. Muchos de los problemas ambientales de hoy, son consecuencia del uso de la energía fósil.
El problema ambiental se puede resumir en esa frase: " la naturaleza lleva al máximo la producción bruta, en tanto que el hombre lleva al máximo la producción neta "( Odum )Con la ayuda de subsidios de energía ( petróleo y carbón fundamentalmente ) incorporados al sistema vivo, el hombre reduce los consumos tanto autotróficos como heterotrófico, aumentando la producción neta, con el objeto de captar la cosecha que puede servirle para la satisfación de sus necesidades. Como puede verse, el problema ambiental en este caso surge de un manejo tecnológico de las corrientes de energía, que influye sobre las variaciones genéticas.
El hombre transforma también la estructura de la biomasa. Una de las finalidades del mejoramiento genético de las plantas cultivadas es aumentar la cosecha de las partes comestibles de la planta, especialmente de los granos. El aumento del volumen en el grano de trigo y muchas de las otras plantas mejoradas, ha significado una disminuición de la paja y de otras partes que formaban un cierto equilíbrio en el intercambio de nutrientes en las espécies no domesticadas.
El problema ambiental se podría ver desde otra perspectiva. Si se considera la cantidad anual de calorías que requiere toda la población humana, o la producción total agropecuária, se puede llegar fácilmente a cálculos sobre el porcentaje de fotosíntesis y producción neta que el hombre acapara para sí. En 1967 se cosechaban 5,3 1015 kilocalorías de alimentos para el consumo humano. Ello significa solamente el 1% de la producción primaria bruta de toda la biosfera. A esta cantidad hay que añadir la alimentación que el hombre cosecha para sus animales domésticos que consumen cinco veces el alimento de los seres humanos. La especie humana ha acaparado, por tanto, aproximadamente el 6% de la produción neta de la biosfera. No se incluye en este cálculo el consumo de madera, algodón y otros materiales vivos necesarios para la industria.
El hombre sigue despendiendo del suelo, pero éste es cada día más escaso. La proporción suelo hombre es difícil de establecer, porque evidentemente este cálculo depende de las condiciones tecnológicas y sociales. Podemos tomar como ejemplo una de las naciones que más ha avanzado en la tecnificación de los procesos agrários. Se calcula que a final del presente siglo estados Unidos tendrá dos habitantes por hectárea. si queremos alimentarlos con la dieta actual se requerirá 0,6 ha y 0,4 ha para abastecerlo con los requisitos básicos de papel, vestido, madera y otros recursos indispensables. Las carreteras, ciudades y demás construciones coparán 0,2 ha y sólo restarán 0,8 ha para bosques, ríos, parques y, por lo tanto, para las demás espécies no domesticadas por el hombre. En 1970, la densidad de la población humana, contando sus animales domésticos,era de 0,7 ha por unidad de población.¿Qué espácio está quedando, por tanto, para el resto de las especies? La conclusión que dejan estos cálculos es de nuevo, que el hombre está corriendo el peligro de quedarse sólo con sus animales domésticos.

Fonte: MAYA, Augusto Angel. Las transformaciones Tecnológicas del Ecosistema. Colección cuadernos ambientales, no.2, Bogotá, 1995.